Sinopse (S01E03): Niki encontra pistas relacionadas com o desaparecimento do marido e confronta sua sogra. Peter esforça-se para entender seus poderes e, em meio à sua busca, aproxima-se de Simone, ex-namorada de Isaac. Hiro, após retornar ao presente, procura convencer Ando a que o acompanhe em seu destino de salvar New York. Mohinder trabalha na pesquisa de seu pai, tendo Eden como apoio e realizando novas descobertas sobre Sylar. Nathan prossegue em sua corrida eleitoral, aparentemente disposto a fazer qualquer coisa para ganhar. Matt contribui para investigação do FBI que está à procura de Sylar e termina como presa de um misterioso homem num bar de Los Angeles. Claire é vítima de tentativa de estupro e é morta por Brody no processo.

Algumas perguntas emergem de tudo isso: até onde estaríamos dispostos a ir para sobreviver? Estou disposto a fazer qualquer coisa para permanecer vivo, mesmo que comprometa meus princípios e valores? Será que vale a pena sobreviver, mesmo quando o custo é tão alto? Será que viver mais tempo significa necessariamente ter mais vida?

Essa sobrevivência a qualquer custo manifesta implícita ou explicitamente o que há em nosso coração. Está presente no mercado financeiro, declarado nas empresas, visível na estrutura social, camuflado nos relacionamentos e em tantas outras áreas que envolvem nossa vida. De modo prático, alguns exemplos:
1. No mercado financeiro não somos levados a pensar em quem se está investindo e quais são as motivações e posturas da empresa em questão, ou se esta respeita ou não o meio ambiente. Os pensamentos que envolvem as decisões são: qual empresa trará maior rentabilidade, quais ações multiplicarão mais o meu capital, quais não o farão.
2. No mundo dos negócios, a preocupação é pelo crescimento da empresa, o perigo é o do aumento da lucratividade mesmo que prejudique a vida e saúde de funcionários, mesmo que se falem verdades parciais aos clientes sobre prazos para não perdê-los ou mesmo que o projeto no qual a empresa está envolvido promova o prejuízo de pessoas e do planeta.
3. Na sociedade, nem se precisa dizer muito. A disparidade de renda e desajuste social apenas manifesta o cenário complexo e amplo que vai de pobres a ricos, de sobreviventes do mísero pão do dia-a-dia aos bilionários das ilhas, castelos e mansões particulares.
4. Nos relacionamentos, estes acabam por se tornar um meio para a sobrevivência social, estabelecendo-se contatos, mas não amizades; possuindo muitas pessoas nos orkuts, msns, twitters, blogs e facebooks da vida, mas poucos amigos verdadeiros que caminham conosco em nossa jornada, ajudando-nos a cultivar nosso coração e espírito.
Todo este quadro apenas descreve até onde estamos dispostos a ir visando nossa sobrevivência. Sobrevivência física. Sobrevivência familiar. Sobrevivência profissional. Sobrevivência relacional. Sobrevivência social. Acrescente os seus. Fato é que os fins têm sido mais importantes que os meios. Os desejos pessoais vêm à frente das necessidades comunitárias. O cenário manifesta um egoísmo que supera a doação. Proclama que a cobiça vem à frente do respeito. Descreve uma sociedade movida pela ganância por ter mais de modo a superar a gratidão pelo que já se conquistou. Evidencia a frieza e indiferença que enterra o amor e a misericórdia. Por isso, o episódio é extremamente atual no assunto que aborda. E, diante disso, pergunto novamente: vale a pena viver assim? Nossa vida tem mais a ver com sobrevivência ou é sobre vivência?

É interessante notar que esses dilemas fazem parte da caminhada de todos nós. E eu o desafio a olhar para algumas vidas que tiveram diante de si um grande passo que precisavam dar, sendo confrontados em seus princípios. É uma história contada na literatura hebraica, no livro de Daniel.
Ali, você verá a história de três homens – Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Sim, é verdade, os nomes deles provavelmente não seriam nomes que daríamos aos nossos filhos. Mas o que marca a história não são seus nomes, mas a postura que tomam.
Naquele tempo, um decreto foi editado, o qual dizia que todos deveriam se prostrar diante de uma imagem de ouro que Nabucodonosor mandou erguer, adorando esta imagem como um deus. Quem não fizesse, seria lançado numa fornalha de fogo. O problema é que estes três homens tinham um sério compromisso com o Deus Todo-Poderoso. Não poderiam se prostrar diante de um ser humano que se dizia deus. Se fizessem isso, comprometeriam no que criam e pelo que viviam. Se não fizessem, seriam mortos. Percebe o grande passo que teriam que dar? E percebe como a pergunta retorna, não querendo se calar: será que vale a pena viver a qualquer custo?
Esses homens são confrontados e desafiados a se prostrarem. Mas a reação deles é algo incrível e digno de nota. Os três chegam para o rei e dizem:
“Ó Nabucodonosor, não precisamos defender-nos diante de ti.
Se formos atirados na fornalha em chamas,
o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos,
e ele nos livrará de tuas mãos, ó rei.
Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei,
e ele nos livrará de tuas mãos, ó rei.
Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei,
que não prestaremos culto aos teus deuses,
nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer.”
Daniel 3.16-18
nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer.”
Daniel 3.16-18
O mais estranho na frase é que eles reconhecem Nabucodonosor como rei. Porém não como Rei dos reis. Eles se submetem ao rei, mas não acima do patamar que lhe cabe. Eles se submetem a autoridade humana, sem negligenciar a autoridade divina. Eles acabam honrando a figura do rei mais do que o próprio rei, colocando-o no lugar que lhe é devido. Eles resolvem dar o grande passo, muito maior do que o da sobrevivência, que é o viver por uma causa e não para a própria pele. Estão dispostos a viver e morrer por princípios e valores. Deus vem à frente de suas vidas. O Soberano Senhor está acima das ameaças que possam sobrevir sobre eles.
O final da história poderia ser qualquer um, pois esses homens dizem com suas vidas que os meios são mais importantes que os fins. O que mais importa é como se vive ao longo da jornada da vida. O processo antecede a conquista. Logo, o fim que terão fisicamente não importa para eles, mas ainda assim nos fortalece para nossa vida. Ao olhar para o coração desses homens, Deus os salva em meio ao fogo. Eles são jogados na fornalha, mas não se queimam. Eu sei. A situação é surreal. O cenário é impossível. Os fatos, improváveis. Mas ainda que desafiem nossos olhos, mentes e corações, há aqui o Deus que diz: “Não viva baseado no que está diante de seus olhos, mas aceite o desafio de viver a partir de princípios. Eu tenho o controle disso tudo, mesmo que não pareça.”
É um grande passo. Desafia nossa sobrevivência. Questiona nosso controle. E fato é que seremos confrontados todos os dias, das mais diferentes formas. Você sabe do que estou falando. São sobre aqueles momentos em que nosso caráter é testado, nossa integridade é colocada em cheque, nossa postura é desafiada a ir além das vozes que seduzem. Envolvem decisões pessoais, definem investimentos financeiros, orientam prioridades nos relacionamentos, direcionam nossa fala e compromisso.
O desafio está diante de nós: que nossa vida não seja apenas sobreviver, mas sobre viver. Que sejamos movidos por palavras que realmente marquem nossa jornada e das pessoas à nossa volta. Palavras como honra. Dignidade. Respeito. Doação. Justiça. Retidão. Misericórdia. Amor. Aceite o desafio. Dê o grande passo.
NARRAÇÃO DO EPISÓDIO (S01E03)
Introdução: “Quando a evolução escolhe alguém, existe um preço a ser pago. Ela faz exigências em troca da singularidade e é possível que se peça para fazermos algo contra a nossa natureza. De repente, a mudança em nossa vida, a qual deveria ser maravilhosa, torna-se uma traição. Isso pode parecer cruel, mas o objetivo não é nada mais do que a auto-preservação, a sobrevivência.”
Conclusão: “Essa força, a evolução, é insensível. Como a própria terra, ela só conhece a dura realidade da batalha entre a vida e a morte. Só podemos esperar que, depois de servirmos seus propósitos, ainda sobre algum vestígio da vida que conhecíamos antes.”